Veio Depois a Noite Infame by
Margarida Palma
My rating:
2 of 5 stars
Um romance histórico é sempre um livro que causa alguns receios de leitura... muita gente tem a ideia de que são livros cansativos, e isso é um facto se o autor não tiver algum cuidado.
Este livro de Margarida Palma, infelizmente, foi um pouco um desses casos. Apesar da componente histórica ser interessante, para quem gosta do género como eu, é também um pouco arrastado. O que é pena.
Este livro é passado no ano de 1921, um ano de muitas mudanças políticas em Portugal. O assassinato de Sidónio Pais e o massacre na noite de 19 de Outubro levado a cabo por arruaceiros, que impelidos por uma obscura justiça abateram sem piedade alguns homens justos da Republica.
A figura da Camionete Fantasma que andava de casa em casa, falsamente utilizando o nome da Junta Republicana, para levar perpetuar crimes contra Cunha Leal, António Granjo, Carlos da Maia (ministro de Sidónio Pais) e outros.
Nas palavras de Raul Brandão: (Vale de Josafat, págs. 106-107), «Depois veio a noite infame. Veio depois a noite e eu tenho a impressão nítida
de que a mesma figura de ódio, o mesmo fantasma para o qual todos
concorremos, passou nas ruas e apagou todos os candeeiros. Os seres
medíocres desapareceram na treva, os bonifrates desapareceram, só
ficaram bonecos monstruosos, com aspectos imprevistos de loucura e
sonho...».
Sem dúvida uma fase importante da história do país, mas que no entanto se torna um pouco aborrecida pela maneira como é contada.
Existe a componente romance, que neste livro não é muito acentuada.
Sinopse
Lisboa, 1921. Vivem-se ainda as sequelas da Grande Guerra e os temores
causados pela Revolução Russa, mas sente-se sobretudo o descrédito dos
políticos, responsáveis por uma crise sem fim à
vista
que mergulha o País na miséria e acende, por todo o lado, focos de
violência. O assunto é tema de conversa em casa do advogado viúvo
Eugénio Furtado - o «palacete» onde reside com as irmãs e a sua bela e
encantadora filha Madalena -, mas também no prédio ao lado, do qual são
inquilinos um casal de aristocratas russos refugiados, um velho fidalgo
monárquico, uma prima de Eugénio e a famosíssima Elisa, actriz de grande
talento mas reputação duvidosa, que organiza continuamente festas e
jantares. É num desses serões que Madalena conhece um médico por quem se
apaixona; mas, se o namoro poderia, à partida, ter quase tudo para dar
certo, uma série de mal- -entendidos e intrigas vem minar a relação dos
dois, tal como o cortejo de conflitos e dramas sociais mina a
credibilidade do regime, culminando na Noite Sangrenta - talvez o mais
trágico e vergonhoso episódio da nossa história colectiva - durante a
qual desaparece misteriosamente um dos protagonistas do romance. Com um
riquíssimo leque de personagens - republicanos convictos e saudosos do
rei, devotos de Fátima e ateus, aristocratas, burgueses e populares -,
Margarida Palma parte do microcosmos de um bairro lisboeta para nos dar
conta de como se vivia e amava em Portugal no mais violento período da I
República.